domingo, 18 de julho de 2010

Entre rupturas e formas mortas.

Somos todos rupturas e materia morta. Se pensarmos que a todo o momento estamos deixando de ser e sendo algo que até então não éramos, viramos um ponto de ruptura do que fomos mesclados as tais coisas que não existem mais, enquanto puras, mas que não deixaram de ser completamente pois ainda existem no que agora é. Assim, tornamo-nos coisas que a todo o momento pode irromper do real e a podridão deixada pelos restos do morrido. A pele, maior órgão do corpo, assim continua a existir, e somente assim! Crescemos, mudamos, esticamos, e a pele, com sua incrível capacidade de reorganização, torna-se outra no momento preciso.
Todas as coisas que nos constituem são também assim, ou deveriam ser! A alma, que dizem alguns, ser o que nos difere dos demais animais, deveria aprender, e muito, com a pele. No entanto, somos incapazes de aprender com a pele! Apegamo-nos as coisas antigas – sejam elas o que for- como se fossem as últimas coisas existentes, a última coca-cola no deserto. Diante disso, não produzimos rupturas, não percebendo que ela se faz necessária para mantermos seja uma pela mais bonita e jovial ou uma alma aprendiz. Assim, tentamos desesperadamente dar vida a uma matéria já morta, que poderia produzir muito, não fosse o fato de querermos dá-lhe vida, e assim, nada produz além de podridão. Torna-mo-nos cadáver algoz em uma incessante busca que não tem resultados tangíveis. E, ao invés de perceber as rupturas e as formas mortas como forças constituintes, as tomamos por desafeto e assim, nos tornamos inertes em nós mesmos.

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