domingo, 30 de novembro de 2008

Meu ato existencial

A angústia talvez seja a única coisa que nos faça pensar a existência!
Angústia de não saber o que querer, ou pior...
De não saber o que ser.
Ah!
Triste pesar!
Tristeza essa construída por si próprio!
Mas, ou se é triste por ter vivido,
Ou se amargo por não ter tentado.
A angústia é o não contentamento da existência!
Talvez o que se faz dessa angústia seja a grande chave.
Chave que abre possibilidades de ser ou deixar de ser.
Mas deixar de ser o quê?
Deixar de ser a amada dos olhos teus, para ser...
Mas chave também que fecha possibilidades,
Possibilidade mesmo de não ter mais possibilidades,
De permanecer ali pra sempre.
Neste ato existencial,
De escolher o não escolher,
talvez se faça a felicidade da existência,
Felicidade esta que não mais contenta.”

Angústia, desespero e liberdade: uma conversa com Kierkegaard e Sartre.

A liberdade em Kierkegaard tem origem na angústia, pois esta aniquila toda a segurança e entrega o homem ao abandono, e só na medida em que for capaz de sofrer a prova desse abandono será existencialmente livre, ou seja, a angústia é a única possibilidade de uma existência autêntica.
A liberdade em Sartre é-nos dada desde sempre, pois se o homem se define como a possibilidade de dar sentido às coisas, ele é atividade. E essa atividade, essa necessidade de escolher a cada momento o sentido do mundo constitui a liberdade. Porém, com o “poder” de doar sentidos, o homem doa sentido a si próprio, ou seja, se constitui. Agora o homem é o ente que se distingue das coisas, ele não é mais um ser, no sentido estático do mesmo, mais ele é liberdade, liberdade de se criar a todo instante.
Essa possibilidade de existência fluida torna o homem aprisionado, exilado em sua própria liberdade, pois sendo o mesmo que decide pela significação das coisas, “torna-se fatigado desta constante atividade; se esse esforço de lucidez e decisão desfalece, nada mais tem sentido, e eles vêm à obscena e insípida existência que lhes é dada para nada”.
Para Sartre nada justifica a existência. Tal pensamento esta de acordo com o homem que vive no estádio estético da existência Kierkegaardiana, pois o homem, em tal estádio, concentra sua existência no imediato, não tem domínio sobre os seus sentidos e sentimentos, “torna-se joguete dos impulsos, sempre a procura do instante efêmero que passa”. Tal estádio é prolifero em si mesmo, é o imediato com suas finalidades diversas e incompatíveis.
O homem que vive em tal existência não consegue encontrar resposta para suas aspirações fora de si, tornando a existência presente insuportável. “Busca a todo instante escapar ao vazio e ao tédio de uma vida aparentemente sem sentido”. Tal situação leva a uma estreita relação entre tal estádio e o desespero.
O desespero sartreano é o do homem sem fé, sem família, sem amigos, sem qualquer meta fixa na vida. O desespero Kierkegaardiano vem unicamente do indivíduo e é originado na paralisia da vontade, levando o homem a um impasse, pois o mesmo não consegue tomar decisão, ou seja, se vê indubitavelmente paralisado frente ao único aspecto, segundo Sartre, que o torna “consciência doadora de sentidos”, e porque não existente, a saber, a liberdade.